sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Final Alternativo-O pesadelo em uma noite de sonhos.(Killin' Her!)















Meia noite.

Gritos de comemoração, fogos de artifício explodiam no céu, música alta e muita alegria tomavam conta, não só na redondeza, mas também em grande parte do mundo.
- Feliz ano novo amiga! Tudo de bom pra nós duas. Muita paz, saúde, felicidades, dinheiro e um amor, né?!
- É isso mesmo Lá. Tudo de bom pra nós. Que esse ano que está começando seja especialíssimo pra nós e pra quem amamos.
- Um brinde ao novo ano e a nossa felicidade.
As duas ergueram as taças, brindaram e abraçaram-se.
Depois do brinde o telefone tocou. Era o pai de Laís.
- Lá, é pra você. Seu pai. – Paula passou o telefone para a amiga com cara de espanto.
- Oi pai! – Laís desejou um feliz ano novo para o pai e perguntou se havia acontecido algo com sua mãe.
Ele respondeu negativamente e passou o telefone para a mãe dela.
Laís fez sinal pra Paula dizendo que estava tudo bem. A amiga se sentou no sofá e respirou aliviada.
- Oi mãe! Feliz ano novo, tudo de bom, felicidades, saúde... Esse vai ser um ano ótimo pra todos nós. E logo logo a senhora vai estar totalmente recuperada, até saindo pra balada comigo e Paula. – As duas riram. A mãe de Laís desejou o mesmo para a filha.
- Laís, sabe o sonho que a Paula tem tido comigo?
- Ela já falou isso pra você também mãe? Não liga pra ela, isso é uma preocupação boba. A senhora não está bem? Isso é o que importa, certo?!
- Laís me escute! Eu já estou melhor sim, mas o que eu quero lhe falar é que o seu pai tem tido as mesmas premonições, só que não são comigo, e sim com você.
- Eu estou ótima mãe, não se preocupe!
- Eu sei filha, mas já que seu pai insistiu em ligar pra você, eu só estou repetindo o que ele está falando aqui, pra você tomar cuidado e...

Nesse momento o telefone caiu da mão de Laís, uma lágrima solitária escorreu pelo seu rosto e, como uma fruta cai da árvore, Laís caiu no chão. Sem vida.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

O pesadelo em uma noite de sonhos.

O relógio batia onze horas.

Faltava uma hora para o ano acabar e Laís ainda estava começando a se arrumar para a grande virada.
- Paula, me ajuda aqui a escolher o vestido! – disse Laís nervosa com a falta de tempo e a imensidade de coisas que ainda tinha que fazer antes da meia-noite.
- Num dá Laís. Ainda tenho que escolher o meu também.
A correria estava grande naquele apartamento, apesar de só estarem as duas amigas nele.
Do banheiro Paula pergunta:
- Laís, você foi hoje falar com sua mãe?
- Não! Por quê? Passei o dia inteiro no escritório. Não deu tempo. Ela piorou? – respondeu Laís com cara de espanto.
- Acho que não. Mas estou com uma impressão estranha. Como se alguma coisa ruim fosse acontecer.
- Nossa! Vira essa boca pra lá. Hoje eu só quero diversão. E além do mais, mamãe deu uma melhorada, não foi?!
- Ih, não sei! Mas eu não sou médica pra dar diagnóstico, né?!
- Ah, isso é verdade. – Laís respondeu sorrindo e com dois vestidos na mão.
O quarto estava uma bagunça. Caixas de sapato espalhadas pelo chão, roupas e jóias jogadas por toda a cama. E Laís enrolada numa toalha entre toda aquela bagunça.
Paula saiu do banheiro e quando chegou ao quarto abriu a boca espantada.
- O que aconteceu aqui? Antes de entrar no banho o quarto estava em ordens e agora parece que um tornado passou por aqui. Laís, você ainda não escolheu o vestido?
- Acho que vou vestir este verde. O que você acha?
- É, ele é bonitinho. – respondeu Paula saindo do quarto da amiga e indo em direção ao seu.
- Bonitinho?! – Laís gritou – É só isso que você diz?
- É lindo Laís! Tá bom assim, sua histérica?!
As duas riram e Laís voltou a virar o guarda-roupa de cabeça pra baixo a procura de outras coisas que não se encontravam no chão ou em cima da cama.
- Paula, e mamãe? Agora tô pensando nela. Ela está bem, não está? Já até levantou da cama hoje, não foi?!
- Sim, sim. Ela está melhor e já levantou da cama mesmo. Isso é a prova da melhora, certo?!
- Que bom! – respondeu Laís mais aliviada.
Paula chegou pronta, vestida, penteada e maquiada, no quarto de Laís. E a amiga ainda nem o vestido tinha colocado.
-Laís, eu já tô pronta e você nem o vestido colocou ainda! – bradou Paula.
- Calma amiga – falou Laís - você sabe que eu demoro muito pra me vestir.
Paula afastou umas coisas de cima da cama, se sentou e ficou esperando a amiga se vestir, apressando-a. Em cima do criado-mudo havia um porta-retratos com a foto de Laís e sua mãe.
- Laís, você ainda vai à casa da sua mãe hoje?
- Não, só amanhã. Vou ficar por aqui mesmo. – respondeu Laís calçando as sandálias – você acha que mamãe está realmente melhor?
- Às vezes acho que sim, às vezes acho que não. Mas se hoje ela até já levantou da cama, acho que ela esteja melhor sim! – respondeu Paula pegando o porta-retratos.
- É isso mesmo! Temos sempre que pensar positivo, ser otimistas até o fim.
- Você sabe que eu considero sua mãe como se fosse minha segunda mãe, mas ainda estou com um sentimento ruim.
- Aff..., vamos esquecer isso. Não vai acontecer nada com mamãe. Ela está melhor e deixa eu acabar de me arrumar porque já vai dar meia-noite.

O relógio bateu onze e meia.

Tudo estava bastante agitado. Já se ouviam alguns fogos de artifício. Havia muita gente na rua indo em direção a praia, muita movimentação, muita expectativa, muita festa.
-Laís, liga pra sua mãe!
-Por que Paula? Já liguei pra ela hoje pela manhã.
-Não sei. Mas liga. Agora!
Nervosa Laís pegou o telefone e discou o número da casa de sua mãe.

Onze e quarenta e cinco.

A multidão aumentava drasticamente.
- Pronto, já liguei! Tá tudo bem, ela só está um pouco cansada.
- Acho que isso não é um bom sinal! – exclamou Paula apreensiva.
- E o que você entende de medicina e de recuperação pós-trauma, Paula? – gritou Laís, que já estava ficando mais nervosa com a conversa da amiga.
- Não entendo nada, mas ainda estou com um pressentimento ruim.
- Ai Paula, cala a boca e me ajuda aqui com esses brincos, porque já estamos atrasadas pra encontrar com o pessoal na casa do Rô.
- Eu só vou pra casa dele quando virar o ano – respondeu Paula levantando da cama e ajudando a amiga com os brincos e o cabelo.
...
- Paula, esse tipo de premonição que você está sentindo é sobre o que, realmente?
- Não sei bem, mas é algo relacionado com a sua mãe. E não é bom. Pra falar a verdade eu sonhei com ela morrendo.
- Você ta me deixando preocupada. – falou Laís paralisada e com a mão na boca.
- Eu também estou ficando muito preocupada.
- Mas mamãe está bem! Só um pouco cansada e isso é o que importa. Vamos pensar no melhor, ela até já se levantou da cama hoje, não foi?!
- É, mas ainda estou com medo e com meu coração apertado.
- Paula, cala a boca! Que insistência nesse assunto. Você quer que eu fique aqui chorando? Poxa, eu só quero me divertir um pouco e esquecer os problemas e todo esse sofrimento. Será que eu não mereço isso, pelo menos só por hoje?

Onze e ciquenta e cinco.

A rua já estava totalmente tomada de gente, que vinha de toda parte. Gente de todos os tipos, raças e crenças, que se uniam em uma grande e única comemoração.
- Paula, cadê você? Faltam só cinco minutos para o ano acabar! Vem logo!
- Tô indo, só um minutinho.
- Traz a champanhe e as taças.
- OK, tô pegando!

Meia-noite.

Gritos de comemoração, fogos de artifício explodiam no céu, música alta e muita alegria tomavam conta, não só nas redondezas, mas também no mundo inteiro.
- Feliz ano novo amiga! Tudo de bom pra nós duas. Muita paz, saúde, felicidades, dinheiro e um amor, né?!
- É isso mesmo, Lá. Tudo de bom pra nós. Que esse ano que está começando seja especialíssimo pra nós e pra quem amamos.
- Um brinde ao novo ano e a nossa felicidade.
As duas ergueram as taças, brindaram e abraçaram-se.
Depois do brinde o telefone tocou. Era o pai de Laís...

O que Paula tanto temia e sonhara, acabara de se realizar...

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Em busca dos Silfos!!

Quem nunca parou para apreciar a beleza do céu e passou horas contemplando as formas engraçadas das nuvens?
Quem, que quando está olhando as nuvens, nunca pensou em algum desenho ou alguma coisa e o formato apareceu no céu?
É..., São os silfos mostrando-nos do que são capazes, tentando, da forma mais pura e verdadeira, nos desconectar da correria do mundo atual, brincando com as formas das nuvens, num esforço sobre-humano de nos chamar a atenção. Mas com tanta coisa acontecendo ao nosso redor, tantas mudanças, tantas descobertas, tanta tecnologia, tantos afazeres; privamos-nos cada vez mais de apreciar as coisas simples da vida, coisas essas que podem nos dar um prazer fora do comum e inigualável.
Há quanto tempo não paramos para apreciar um passarinho cantando, a chuva caindo, o vendo balançando as folhas de uma árvore?
Queria voltar no tempo e estacionar no momento em que a inocência ainda era palpável; quando pensava que todo o mundo era feliz, porque simplesmente eu era; quando caminhava pela praia pensando só na areia entre meus dedos dos pés e na concha mais bonita que poderia encontrar, sem preocupar-me com a erosão, com a contaminação e com o aquecimento global; quando pensava que os doces eram melhores que o dinheiro, pois se podem comer; quando pensava que todas as pessoas eram honestas e boas; quando passava minhas tardes subindo em árvores e andando de bicicleta, sem a preocupação de que me sequestrem; quando pintava com aquarelas e era extasiado de elogios; quando pensava que tudo era possível.
Mas o tempo passou e cresci. Aprendi sobre armas nucleares, guerras, preconceito, fome, mentiras, matrimônios infelizes, sofrimento, enfermidades, dor e morte.
E o que aconteceu com aquele tempo em que pensava que todo o mundo viveria para sempre porque não entendia o conceito da morte?
Ah..., quero viver simplesmente novamente, quero regressar aos tempos em que a vida era simples.

“Quiero alejarme de las complejidades de la vida y emocionarme nuevamente con las pequeñas cosas una vez más.”

Por que não prestamos atenção um pouco mais nas tentativas, quase frustradas, dos silfos e damos mais valor ao amor e as coisas simples e verdadeiramente boas da vida?
Ainda há uma chance de mudança e a esperança ainda queima nos corações desesperados dos que sonham com um mundo melhor.

Reflitemos!

sábado, 13 de dezembro de 2008

Addicted to your lure!

Se se enlouquece, cria polêmica; se se acalma, também cria polêmica.
Não entendo essas pessoas que adoram criticá-la.
Por que tudo isso?
Talvez por pura insatisfação pessoal.
Semana passada ela lançou seu novo clipe: Circus. Um clipe cheio de efeitos especiais, que chama atenção, música super bem produzida e com uma batida contagiante. Mas, mesmo com toda essa positividade, as pessoas continuam falando mal de Britney.
Já ouvi vários comentários dizendo que ela ainda está muito gorda, que a voz está, cada vez mais, “ajustada”, que ela não dança mais como antigamente (no tempo de I’m slave 4 U), que ela não parece estar a vontade em frente as câmeras.
Adimitemos que o potencial dela ainda não se ergueu totalmente, mas, para alguém que passou por tempos dificílimos (depressão pós-parto, perda da guarda dos filhos, bebedeiras, pressão familiar, decepções), é totalmente aceitável que a recuperação total seja lenta.
Apesar de todos esses contratempos, ela está ai, com um novo CD (maravilhoso por sinal), super bem, autentica, linda e loira... =]
Então parem de falar mal dela, porque implicitamente vocês amam-na.

Ah, já que estou falando dela, deixo marcado aqui os meus votos de felicidades infinitas. Não postei no dia 02 porque não tive tempo, mas, agora sim!
Parabéns Brita, super felicidades e mais, bem mais sucesso. =]

P.S.: A cada dia estou mais apaixonado por ela! (L)


Brita rocks! \o/

O preço de um sentimento avassalador.


Eu te dei um pedaço do meu coração, mas você o desprezou. Ele murchou e morreu. Não foi fácil viver com um coração incompleto, faltando um pedaço. Sofri bastante. Passei por uma fase difícil, uma fase de transição, uma fase de testa para poder conferir se conseguia superar, se meu coração conseguiria viver sem um pedaço. Foi um tempo dolorido, complicado, sofrido...
Mas, não se vive só de derrotas e ilusões. Meu coração agora está curado, livre das dores e do sofrimento. Agora ele bate fortemente e num ritmo ajustado. Preocupa-se e preenche seu tempo com novos sentimentos, novas conquistas, novas emoções.
Sinto-me mais leve, mais feliz, até parece que meu corpo inteiro trabalha melhor e com mais vontade. Finalmente livre das impurezas e das escórias que mutilavam de forma avassaladora meu coração.

A partir desse instante
Eu não vou mais ficar esperando você
E não vou mais deixar
Que os meus sonhos se percam buscando você
A partir desse instante
Eu não vou mais ficar repetindo seu nome
E não vou mais chorar
Eu tenho que aceitar
E não vou mais pensar em você
A partir desse instante
Vou aprender a dominar meus sentimentos
Eu vou tirar você do pensamento.

(Trecho da música “A partir desse instante” – Roberto Carlos)

A dissertação!

Tava vasculhando umas coisas de época do colégio (como se tivesse sido a muiiiito tempo atrás) e achei essa dissertação. E já que estamos nessa época de vestibular resolvi posta-la, embora não seja uma das melhores. É impressionante o meu gosto de sempre falar mal dos políticos. hehe
Ah, a nota?
7.5, razoável, né?!..kkkk


O poder de um mundo em crescimento tecnológico.

De um lado, podres, analfabetos, pessoas sem recursos para se manter; do outro lado, grande desenvolvimento tecnológico e altos níveis intelectuais. Esse é o paradoxo com que o mundo tem convivido desde o início do século XXI.
Com a quantidade de políticos sem competência, fica cada vez mais difícil que o Brasil cresça tecnologicamente. Tudo começa pela educação que ainda é bastante fragilizada com o desinteresse governamental, deixando um percentual negativo no desenvolvimento social e fazendo mais vítimas da exclusão social.
O crescimento desenfreado da tecnologia e a demanda de profissionais que saibam lidar com a mesma vêm aumentando vigorosamente. Com isso o Brasil “exporta” profissionais de boa qualidade e há um crescimento sócio-econômico perceptível, incluindo-o no vasto mundo do poder tecnológico. Entretanto, isso não ocorre com tanta veemência e o Brasil caminha lentamente nesse processo de concepção intelectual.
No momento em que ética governamental e bom-senso se unirem, o desenvolvimento social, econômico e tecnológico será alcançado com facilidade. Assim, tornando o Brasil apto para ser considerando um país de novo milênio.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Entre anjos e humanos. (Título provisório)

Era uma das piores noites do mês, caía uma chuva muito forte a cada minuto que passava, parecia que a intensidade da tempestade aumentava mais e mais.
Não havia nenhuma alma viva na rua e niguém se atrevia a sair do conforto de suas casas para enfrentar aquele tempo traiçoeiro. Os relâmpagos traziam uma claridade ofuscante para dentro do quarto, que sincronicamente clareava e escurecia em um rápido intervalo de tempo.
Apesar do enorme barulho que a chuva fazia, o quarto estava quieto e sombrio. Parecia que o tempo tinha parado e toda a vida que restara naquele cômodo tinha desaparecido. Contudo, eu estava um pouco ansiosa, esperando que aquela noite acabasse e trouxesse um novo dia, cheio de luz, felicidade e uma surpresa que Arthur, meu namorado, tinha mandado pelos correios e que eu estava esperando há uns três dias.
A noite parecia não ter fim, de hora em hora eu olhava para um pequeno relógio que jazia em cima do criado-mudo, ao lado da cama. Mas o mundo tinha parado para apreciar o barulho da chuva. Não aguentando mais a ansiedade que me corroia por dentro, levantei e fui até a cozinha. O corredor estava totalmente escuro, um breu, como se fosse um túnel que me levava ao nada. Fui à sala de estar, dei uma olhada na rua, pela janela, continuava sem niguém.

Eu morava em uma casa grande, com três quartos, cada quarto com sua suíte, duas salas, uma cozinha espaçosa e uma grande varanda. Atrás da casa, havia um amplo quintal, sem muita utilidade, já que o clima da cidade era frio o ano inteiro. Mesmo assim, era um lugar muito bonito. Tinha alguns pinheiros, que graciosamente enfeitavam o local.
De repente um barulho que vinha da sala, me despertou e me tirou do transe em que me encontrava. Tomei um susto e corri até lá pra ver o que tinha acontecido. Eram Murilo e Fritz, os gatos da minha irmã que, assustados com o temporal, tinham derrubado um jarro que se encontrava em cima de uma pequena mesinha de madeira. Depois do ocorrido, voltei ao meu quarto, peguei um livro e comecei a folhear-lo, na esperança do tempo passar mais depressa.
Quando acordei no dia seguinte, a chuva tinha parado, mas o tempo continuava nublado e fazia muito frio. Tomei um banho bem quente, peguei a mochila da escola e desci para tomar café da manhã. Quando sentei a mesa, a campainha tocou, logo voltei a pensar na surpresa. Minha mãe se levantou e foi atender, era o carteiro. Assim que voltou minha alegria desmoronou, mais um dia se passara e nada da encomenda de Arthur chegar.
Cheguei ao colégio um pouco atrasada e fui recebida com um “C” negativo em matemática. Para piorar, quando coloquei o pé fora do colégio, um carro passou em uma poça d’água e me encharcou com aquela água suja. Cheguei em casa ensopada, fui direto para o quarto, troquei de roupa, peguei um livro e deitei na cama. Uma hora depois, minha mãe entrou no quarto com um envelope na mão e disse que o carteiro tinha voltado para entregar o telegrama que houvera esquecido. Meu coração foi a mil por hora de felicidade, pulei da cama, larguei o livro no chão e corri para pegar a carta. A abri e comecei a ler, meus pés tremeram e caí, em choque, na cama. As lágrimas rolaram no meu rosto sem que eu percebesse, perdi as forças do meu corpo e a tristeza se apossou de mim. Não podia acreditar naquilo, reli o telegrama várias vezes e todas as vezes que lia, as lágrimas caiam mais fortes e sentia um aperto sufocante no peito. Aquela vida não fazia mais sentido para mim, o meu grande amor havia falecido e nada mais me importava.

Nós nos conhecemos em uma festa de aniversário de um amigo que morava na cidade vizinha. Quando eu o vi pela primeira vez, senti que algo aconteceria entre nós. Fiquei olhando-o por um tempo, logo ele percebeu e veio falar comigo, fiquei com um pouco de vergonha porque desde que tinha entrado na festa e o tinha visto, não conseguia parar de olhar para ele, mas mesmo assim arranjei coragem e nós conversamos a noite inteira, nos tornamos amigos e logo depois começamos a namorar. Foi a melhor época da minha vida e agora tudo aquilo tinha acabado. Embora fosse meio controverso, consegui dormir e tive sonhos com ele me dizendo para ter cuidado, pois algo de ruim poderia acontecer comigo.
No outro dia, logo cedo, peguei um táxi e fui ao cemitério, onde estava acontecendo o funeral. O dia estava muito nebuloso e a chuva ameaçava cair a qualquer momento. O cemitério era enorme, com muitas árvores e estátuas de anjos que se espalhavam por toda parte Anjos tristes, anjos felizes, anjos de todos os tipos, que, de alguma forma, tentavam amenizar o sofrimento daqueles que ali se encontravam num luto impenetrável. Aproximei-me do caixão para dar uma última olhada. Nessa hora as lágrimas caíram desgovernadamente. Ele parecia que estava dormindo, olhei-o mais uma vez e sai de perto, pois não aguentava aquela angustia que amassava meu coração, deixando-me sem ar. Quando estavam colocando o caixão no túmulo, a chuva desabou. Na minha cabeça tocava uma melodia melancólica que me deixava mais triste à medida que o tempo passava. Os pássaros, apesar de toda aquela chuva, continuavam nos galhos das árvores, sem, ao menos, se proteger da intensa quantidade de água derramada do céu. Cantavam de um jeito fora do normal, um lamento comovido de terrível beleza. Parecia que a música vinha de dentro de seus corações, parecia que eles podiam compreender o que estava acontecendo, parecia que eles estavam fazendo sua última homenagem a Arthur, meu eterno amor. O túmulo foi fechado, todos foram deixando o local, mas eu fiquei. Não sabia quanto tempo tinha ficado ali, nem porque o meu próprio luto estava me corroendo por dentro. Nunca sentira nada tão ruim quanto senti durante todo aquele tempo em que os pássaros soltavam seus lutos em forma de canto, o mundo desabava em forma de chuva e eu perdia a pessoa mais valiosa da minha vida.
Passado mais tempo, não sei quanto, um homem dizendo que era primo de Arthur, foi se aproximando, falou que compreendia a dor que eu estava passando e se ofereceu para me levar até em casa. Hesitei por um instante, mas como ele tinha falado que era primo de Arthur e eu não estava em condições de pegar um táxi, resolvi aceitar. No carro ele perguntou minha idade, com quem eu morava, o que fazia; com um pouco de ingenuidade e todo o sofrimento que estava passando, respondi tudo sem perceber a maldade que o cabia. Por um breve momento senti um cheiro forte e não consegui ver mais nada, desmaiei e fiquei assim por um longo tempo.
Quando acordei, estava tonta e desorientada, mais percebi que me encontrava numa floresta escura e densa. Tentei me levantar, mas estava amarrada em uma árvore. Tentei gritar, mas meu grito foi abafado por uma mão e logo depois minha boca foi tampada com uma fita adesiva. O reconheci, era o homem que me oferecera a carona. Ele se aproximou do meu rosto e colocou um lenço no meu nariz, mais uma vez tudo ficou escuro e eu desmaiei.
Muitas vezes, vi Arthur caminhando em minha direção, ele tocava meu rosto, tentava desatar os nós, como não conseguia, ele desaparecia. Depois sonhei que estava em um campo, num dia ensolarado e encostado em uma árvore, estava Arthur. Corri ao seu encontro, mas quando me aproximei dele, fui despertada por uma forte tapa no rosto. A dor foi tamanha que acordei imediatamente. O sequestrador perguntou se eu estava com fome. Afirmei com a cabeça, ele tirou a fita da minha boca e colocou um pedaço de pão nela, engoli rapidamente e perguntei seu nome, por que estava fazendo aquilo comigo e há quanto tempo eu estava ali. A princípio ele não quis responder, mas disse que se chamava Michael Dawin, que eu estava ali fazia dois dias e que ele estava fazendo aquilo por pura inveja do amor que havia entre Arthur e eu, mesmo depois da morte do mesmo. Depois de responder ele tampou minha boca de novo sem dar tempo nem pra eu fazer outra pergunta, nem para gritar por socorro.
Naquele instante a chuva desabou, tentei me soltar, não sei como, mas as cordas estavam frouxas. Consegui me livrar dos nós, levantei depressa e corri desesperadamente, ele correu atrás de mim, gritando para eu parar ou ele atiraria. Com o medo rondando meu corpo, não dei atenção às suas palavras e continuei correndo gritando por socorro, logo em seguida ouvi um estampido, senti uma dor forte nas costas e percebi que ele tinha cumprido com a palavra. O tiro me acertou em cheio nas costas. Caí de joelhos no chão. Tudo ficou quieto e silencioso, não ouvia nem mais o barulho da chuva, nem seus gritos. As lágrimas caíram dos meus olhos com a facilidade que a chuva desmoronava em minha cabeça. Tudo foi escurecendo, fui perdendo as forças e quando estava quase deitada no chão, fui amparada pelos braços do meu amor. A escuridão foi total, exceto pela luz de grandes asas. Asas tão brancas como a neve. Seus olhos lacrimejavam de forma intensa, tentei o abraçar, mas não tinha forças. Então percebi que a força do nosso amor tinha o transformado no meu anjo da guarda, que ali estava, tentando, sem sucesso, me reanimar, embora trouxesse um conforto final. A escuridão foi completa e não sentia mais sua presença e nem mais sentia meu corpo, era como se meu corpo tivesse sido levado embora e só restado minha alma. Acordei com um cheiro conhecido, era o perfume de Arthur. Levantei e o vi. Como nos meus sonhos, ele estava encostado em uma árvore, corri em sua direção. Nós nos abraçamos, nos beijamos. Ele me disse que viveríamos juntos para sempre, que nosso amor nunca mais seria interrompido e que a partir daquele momento poderíamos, finalmente, construir nosso futuro.