quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Zoe e os olhos vermelhos.


A noite não estava boa para pegar a estrada, mesmo assim nós fomos. Meu pai ao volante, minha mãe ao seu lado e eu sozinha no banco de traz. Da janela via a chuva forte cair, os gritos pavorosos dos trovões, os relâmpagos clareando a estrada e o uivo do vento.
A estrada estava vazia, nem vinha, nem ia nenhum carro. Mesmo com o barulho dos trovões tentei dormir, abracei minha boneca e encostei a cabeça no assento do carro. Acordei com o barulho da freada. Meu pai perdera o controle, o carro derrapou e caiu da ponte no pântano.
A Janela do meu lado tinha quebrado, assim consegui sair, mas não vi meus pais. Vi grandes olhos vermelhos me olhando de longe enquanto saia da água. Os olhos se aproximaram, mas a noite estava muito escura e não deu pra saber de quem eram aqueles olhos aterrorizantes. Senti um arrepio e me virei, não vi nada, mas sabia que algo me observava. Gritei por meus pais, mas eles não responderam, entrei em pânico, mas ninguém me ouvia. Não tinha nenhuma casa por perto e a chuva não parava de cair fortemente. Fui para a beira da estrada com esperanças que passasse algum carro, mas ninguém apareceu. Do outro lado da rua vi os olhos vermelhos mais uma vez, fui me aproximando, aproximando...
Um carro...Mas estava perto demais, seus faróis estavam me cegando. Ouvi um grito e senti meu corpo caindo no chão. Não vi mais nada.
Acordei assustada e minha mãe no banco da frente perguntou se estava tudo bem, respondi que tinha tido um pesadelo, mas estava tudo bem. Olhei pela janela, vi a chuva forte caindo, a estrada vazia. Abracei a minha boneca, encostei a cabeça no assento do carro e adormeci. O barulho da freada me acordou. O carro se controle e o pântano. O carro foi afundando, afundando, afundando...
Estava presa sem conseguir soltar o cinto de segurança, a janela ao meu lado quebrou, a água inundou o carro completamente. Tudo foi ficando escuro até eu mergulhar completamente na escuridão.

Um comentário:

Tiago Fagner disse...

Bem interessante o texto. É teu?